sábado, 2 de março de 2013

Parte 5


Naquela noite Olívia tentou escrever. Tentou e tentou de novo mas nada saía dela. O medo de ser uma pessoa vazia voltou a rondar sua cabeça. Em uma conversa que teve com uma amiga, Olívia contou que sempre contava sua vida, sua história para todos. Ela fazia isso principalmente com os taxistas. À essa altura, metade do Rio de Janeiro devia conhecer sua vida de cabo à rabo. São tantos taxis e taxistas por aqui. Sua amiga, Luiza, falou sem ser muito delicada que isso era seu ego, necessidade de aprovação. ‘Não pode ser isso, é só vontade de conversar. Quem sabe a minha história ajuda a vida de alguém...’ É claro que não iria ajudar ninguém, o universo funcionava sem suas histórias. No final não era caridade o que ela fazia e sim alimentar o seu ego. Olívia adorava ouvir “Nossa, nunca imaginei que uma menina como você tivesse essa história toda”. Na verdade, verdade mesmo, na maioria das vezes a história tão absurda e interessante que contava nem era sua mas sim das suas personagens e de outras pessoas, mas Olívia tomava todas como suas próprias e assim devia ser a passageira mais interessante do Brasil.

Um comentário:

  1. O universo não existiria sem as histórias; é ele uma história. Bom texto.

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