Naquela noite Olívia tentou escrever. Tentou e tentou de novo
mas nada saía dela. O medo de ser uma pessoa vazia voltou a rondar sua cabeça.
Em uma conversa que teve com uma amiga, Olívia contou que sempre contava sua
vida, sua história para todos. Ela fazia isso principalmente com os taxistas. À
essa altura, metade do Rio de Janeiro devia conhecer sua vida de cabo à rabo. São
tantos taxis e taxistas por aqui. Sua amiga, Luiza, falou sem ser muito
delicada que isso era seu ego, necessidade de aprovação. ‘Não pode ser isso, é
só vontade de conversar. Quem sabe a minha história ajuda a vida de alguém...’
É claro que não iria ajudar ninguém, o universo funcionava sem suas histórias.
No final não era caridade o que ela fazia e sim alimentar o seu ego. Olívia
adorava ouvir “Nossa, nunca imaginei que uma menina como você tivesse essa história
toda”. Na verdade, verdade mesmo, na maioria das vezes a história tão absurda e
interessante que contava nem era sua mas sim das suas personagens e de outras
pessoas, mas Olívia tomava todas como suas próprias e assim devia ser a
passageira mais interessante do Brasil.
O universo não existiria sem as histórias; é ele uma história. Bom texto.
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