quinta-feira, 7 de março de 2013

Não alise o amiguinho


Na infância aprendemos muitas coisas: não bater no amiguinho, não morder o amiguinho, não rabiscar o amiguinho, não colocar a cabeça do amiguinho na privada e por aí vai. Dia desses no ônibus, fiel companheiro de todas as horas, descobri que mais uma coisa tinha que ter sido ensinada às crianças de todo o Brasil: não alisar o amiguinho.
Lá estava eu, saindo da terapia, renovada, pensando na morte da bezerra. Paro no ponto. Ônibus, os céus estão comigo, o 584 chegou rápido. Vazio, que beleza. Sento-me confortavelmente na janela para pegar uma brisa que não existia. Levanta um senhor e senta ao meu lado. Nada de errado, apesar do ônibus completamente vazio. Curva brusca chegando na Pinheiro Machado e então tudo começa a ficar estranho.
O Senhor, começa a me apertar contra a janela. “Ô que homem espaçoso..”. Depois começa a tentar passar a mão na minha perna e eu, de vestidinho. Os céus não estavam mais comigo. Durante a tentativa frustrada do Senhor em me alisar minha cabeça rodava um pouco. Primeiro pensei se eu gritava, mas a crise de pânico veio e não deixou. Depois se batia nele, mais uma vez eu estava em crise. Depois pensei em como matar aquele safado e ninguém descobrir. Eu vejo muito CSI, ninguém ia saber. Maldita crise de pânico. A única coisa que fui capaz de fazer foi olha para o Senhor com a careta mais estranha que consegui. Funcionou.
O Senhor se levantou, me xingando, e foi sentar ao lado de outra menina de vestido. Agora, porque ninguém ensina a não alisar o amiguinho? Não acho que alguém vá sair me mordendo ou enfiando minha cabeça na privada, mas ser alisado é um medo real. Ele está em todos os lados. Pode acontecer com qualquer um. Principalmente conosco, meninas de vestido. Acho que devemos nos unir para acabar com essa ameaça tão real. Meninas de vestido, saias, shorts, calças justas, a partir de hoje nunca mais sejamos alisadas impunemente.
Espero ansiosa alguém tentar de novo. Estou vendo mais CSI que nunca e já sei como lidar com a situação. Que nenhum alisador(a) saia impune!

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