O mundo de hoje é todo virtual. São smartphones conectados
24 horas por dia, redes sociais para todos os gostos, jornais online, revistas
online, petições online, tudo é online. No meio desta loucura creio que venho
desenvolvendo uma síndrome cada vez mais comum: a Síndrome do F5.
Há algumas semanas troquei meu celular. Eu, que tinha um
celular simples, com toque polifônico, ganhei um iPhone bonito e com um plano
de 3G de dar inveja. Percebi aos poucos que aquele pequeno aparelho era um mundo
de possibilidades. E-mails a qualquer momento, Facebook, Twitter, fotos, vídeos
e um pequeno bloco de notas que não ocupava todo o espaço da minha bolsa. Esse
foi o momento em que comecei a entender o fascínio da sociedade moderna para
com os telefones sempre conectados: tudo muito prático.
Não demorou muito para que eu me tornasse uma daquelas
pessoas insuportáveis que, no meio de uma conversa, puxa o celular para ver o
que acontece na vida alheia. Porém isso não é tudo. Quando esse presente divino
veio parar em minhas singelas mãos tatuadas, eu estava começando a me comunicar
com editoras, para ver se o meu projeto de livro, que venho tentando fazer dar
certo há dois anos, finalmente sairia. Enviar manuscritos e esperar repostas é
algo muito tenso, uma ansiedade começava a crescer dentro de mim e então o pior
aconteceu: adquiri a Síndrome do F5.
Trabalhar escrevendo pode ser algo estressante. Você tira
uma coragem que você não tem de algum lugar dentro de si que você ainda não
conhece, manda alguns e-mails para revistas, jornais e editoras, na esperança
de que alguém irá publicar seu trabalho, mas enquanto o e-mail de resposta não
chega (às vezes ele nunca chega) você se encontra em uma crise de atualizar seu
correio eletrônico de segundo em segundo. Minhas mãos tremem e suam frio quando
meu celular perde a conexão com a internet ou quando a bateria ameaça acabar.
Corro para casa checar meu laptop, e assim fico, durante horas a fio,
atualizando, atualizando e atualizando.
Tentei conversar sobre a síndrome com meu terapeuta dia
desses, porém ele me disse que ainda não é uma doença reconhecida pela OMS. Fico
no aguardo de um tratamento apropriado e, obviamente, dos e-mails, que pelo que
chequei antes de começar a escrever esta crônica, ainda não chegaram.
Muito bom...
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