quinta-feira, 4 de abril de 2013

Síndrome do F5


O mundo de hoje é todo virtual. São smartphones conectados 24 horas por dia, redes sociais para todos os gostos, jornais online, revistas online, petições online, tudo é online. No meio desta loucura creio que venho desenvolvendo uma síndrome cada vez mais comum: a Síndrome do F5.
Há algumas semanas troquei meu celular. Eu, que tinha um celular simples, com toque polifônico, ganhei um iPhone bonito e com um plano de 3G de dar inveja. Percebi aos poucos que aquele pequeno aparelho era um mundo de possibilidades. E-mails a qualquer momento, Facebook, Twitter, fotos, vídeos e um pequeno bloco de notas que não ocupava todo o espaço da minha bolsa. Esse foi o momento em que comecei a entender o fascínio da sociedade moderna para com os telefones sempre conectados: tudo muito prático.
Não demorou muito para que eu me tornasse uma daquelas pessoas insuportáveis que, no meio de uma conversa, puxa o celular para ver o que acontece na vida alheia. Porém isso não é tudo. Quando esse presente divino veio parar em minhas singelas mãos tatuadas, eu estava começando a me comunicar com editoras, para ver se o meu projeto de livro, que venho tentando fazer dar certo há dois anos, finalmente sairia. Enviar manuscritos e esperar repostas é algo muito tenso, uma ansiedade começava a crescer dentro de mim e então o pior aconteceu: adquiri a Síndrome do F5.
Trabalhar escrevendo pode ser algo estressante. Você tira uma coragem que você não tem de algum lugar dentro de si que você ainda não conhece, manda alguns e-mails para revistas, jornais e editoras, na esperança de que alguém irá publicar seu trabalho, mas enquanto o e-mail de resposta não chega (às vezes ele nunca chega) você se encontra em uma crise de atualizar seu correio eletrônico de segundo em segundo. Minhas mãos tremem e suam frio quando meu celular perde a conexão com a internet ou quando a bateria ameaça acabar. Corro para casa checar meu laptop, e assim fico, durante horas a fio, atualizando, atualizando e atualizando.
Tentei conversar sobre a síndrome com meu terapeuta dia desses, porém ele me disse que ainda não é uma doença reconhecida pela OMS. Fico no aguardo de um tratamento apropriado e, obviamente, dos e-mails, que pelo que chequei antes de começar a escrever esta crônica, ainda não chegaram.

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