quinta-feira, 2 de maio de 2013

Débil catarse




Críticas: não sei recebê-las porém adoro fazê-las. Não sei se este é o mal de todo jovem ou de todas as pessoas, independente da idade. Venho me descobrindo um Pavão, basta um elogio que abro minhas belas penas coloridas. Porém se me criticarem fico com a aparência de um pombo mal amado, jogado na sarjeta, recém atropelado. Já me falaram que elogios e críticas são a mesma coisa, mas sinto informar-lhes: eles não são, em definitivo, a mesma coisa.
Lá estava uma pequena Mariana, animada, em um churrasco com minha nova família, atualizando freneticamente o e-mail pelo querido iPhone. Um e-mail me chama a atenção, eu o abro e lá está: uma crônica minha fora publicada em um jornal muito intelectualizado que gosto muito. Pulei de alegria, dancei funk e comi mais carne do que meu corpo permitia naquele momento. Tudo eram flores.
No dia seguinte acordei cedo, animada para ver como o desabafo que tinha escrito em um dia de fúria ficou no site. Abri a página lentamente, saboreando cada segundo daquela conquista. Como uma escritora jovem e ainda aprendendo, sempre que algo é publicado sinto que todo o trabalho duro está sendo recompensado. E lá estava ela: minha crônica no site do Algo a Dizer.
Curiosa como sou quis logo ver se alguém tinha feito um comentário, falando como escrevo bem para tão pouca idade ou qualquer outro comentário do tipo. Reli a crônica, que definitivamente era mais um desabafo, mas não me importei afinal ela tinha sido publicada. Eis que no final da página vejo um único comentário. Vibrei por dentro antes de ver seu conteúdo. “Gostaram do que escrevi!” pensei em minha infinita inocência e presunção. Respirei fundo e me coloquei a ler o comentário que continha apenas duas palavras.
“Débil catarse...”

Se eu tivesse um espelho naquele momento aposto que meu rosto pareceria estar derretendo de desgosto. Quer dizer então que escrevi um texto débil? De acordo com o leitor, sim.
Primeiro o xinguei mentalmente apenas para perceber que cada um tem direito à sua opinião, que talvez o texto não passasse mesmo de um desabafo desorganizado e que essa crítica poderia vir a me ajudar. Normalmente o que me causa desconforto é o que mais me ajuda, e eu sei como esse comentário me causou desconforto.
O que percebo é que escrevo para pessoas. Deixei de escrever só para mim quando fiz um blog e comecei a mandar meus textos para revistas, jornais e editoras. Opiniões chegarão e isso é bom, quer dizer que pelo menos alguém lê minhas débeis catarses. Ainda tenho muito que aprender e sei bem que o caminho para onde quero chegar como escritora é longo, talvez mais do que imagino, porém uma crítica que não me agrada e não me faz virar o Pavão que sou me ajuda muito mais que elogios.
A partir de agora fico mais atenta às debiloidices que decido escrever e principalmente publicar. Com exceção desta que aqui posto, é claro.

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