Depois de um longo hiato para clarear a mente e sem muitas
ideia mais claras, cá estou novamente. Em uma noite de segunda feira bem
típica, quando já achava que depois de uma longa semana tinha me tornado uma
escritora do Não, com uma síndrome de Bartleby de matar, lembrei-me de um
acontecimento do meu sempre animado final de semana. Lá se foi a síndrome de
Bartleby.
Eis que estou em uma sexta à noite em um restaurante
mexicano com Mariachis e tequileiros, no aniversário de uma querida amiga que
já foi coagida a fugir para São Paulo comigo, história de outras crônicas. Eu
me encontrava solitária em meu hiato, pedindo aos deuses do teclado que algo
extraordinário acontecesse para que a tal pausa mental finalmente chegasse ao
fim. Depois de encher a cara de comida apimentada demais para minha própria
segurança e bem estar engatei uma conversa que tinha a ver com rótulos e
liberdade para ser o que quisermos ser. Mais uma revolta pseudo libertina e
idealista sobre como todos deveriam se comportar.
Quando a conversa chegou ao fim e todos que participavam
desta partiam para novas revoltas, como o “quadradinho de oito” e como o funk
não se encaixa na categoria de cultura popular (esta última discordei
fortemente), decidi fazer uma extravagância e pedir uma Margarita virgem. Enquanto
bebericava o drink sem álcool algo me veio à cabeça: por que comecei com esse
hiato? A pergunta resistiu ao dia das mães e a um resfriado sem que eu
conseguisse respondê-la. Abatida e de cama por causa do resfriado que parece
ter saído das profundezas do inferno me dei conta que tudo começou quando
decidi seguir um conselho. Minha avó sempre me disse: “Se conselho fosse bom
ninguém dava, vendia.”. Esta se provou a mais pura verdade.
Segui o tal conselho, que foi dar um tempo na escrita para
clarear as ideias. Depois de uma semana e com minhas faculdades mentais mais
confusas do que nunca, concluí o obvio: não preciso dar um tempo de escrever,
preciso é escrever para dar um tempo. Escrever é bom, não escrever é que me
deixa louca e acaba resultando até em doenças, como o tal resfriado que parece
não ter fim. Não tenho síndrome de Bartleby, minha síndrome ainda não tem nome
e até onde pesquisei não foi catalogada pela OMS.
Um hiato serve para quando não temos ideia, e eu, até começar
com essa história, tinha muitas. Escrever não vem de um lampejo divino onde mil
ideia caem em nossas cabeças, mas sim de trabalho. Quanto mais se escreve mais
se têm a escrever. Comigo funciona dessa maneira, poucas vezes fui agraciada
por tal lampejo divino. Escrever não funciona com hiatos, é preciso se manter
ativo, não importa quantas débeis catarses
possam vir pelo caminho.
Querido amigo que me deu o conselho maldito: não sei escrever com a mente clara, só escrevo
com minhas ideias completamente desgovernadas, pois essa foi a maneira que
encontrei de domá-las. Se alguém se encontra em um hiato recomendo altamente a
combinação Mariachis e drinks sem álcool, um pouco de revoltas sem sentido e
infelicidades crônicas podem ajudar, mas a Margarita virgem foi a responsável
por desencadear o processo de completa desordem mental e consequentemente uma
crônica para organizar a cabeça sempre desorganizada.
Muito bom!
ResponderExcluirObrigada Jean!!
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