quarta-feira, 15 de maio de 2013

Margarita Virgem



Depois de um longo hiato para clarear a mente e sem muitas ideia mais claras, cá estou novamente. Em uma noite de segunda feira bem típica, quando já achava que depois de uma longa semana tinha me tornado uma escritora do Não, com uma síndrome de Bartleby de matar, lembrei-me de um acontecimento do meu sempre animado final de semana. Lá se foi a síndrome de Bartleby.
Eis que estou em uma sexta à noite em um restaurante mexicano com Mariachis e tequileiros, no aniversário de uma querida amiga que já foi coagida a fugir para São Paulo comigo, história de outras crônicas. Eu me encontrava solitária em meu hiato, pedindo aos deuses do teclado que algo extraordinário acontecesse para que a tal pausa mental finalmente chegasse ao fim. Depois de encher a cara de comida apimentada demais para minha própria segurança e bem estar engatei uma conversa que tinha a ver com rótulos e liberdade para ser o que quisermos ser. Mais uma revolta pseudo libertina e idealista sobre como todos deveriam se comportar.
Quando a conversa chegou ao fim e todos que participavam desta partiam para novas revoltas, como o “quadradinho de oito” e como o funk não se encaixa na categoria de cultura popular (esta última discordei fortemente), decidi fazer uma extravagância e pedir uma Margarita virgem. Enquanto bebericava o drink sem álcool algo me veio à cabeça: por que comecei com esse hiato? A pergunta resistiu ao dia das mães e a um resfriado sem que eu conseguisse respondê-la. Abatida e de cama por causa do resfriado que parece ter saído das profundezas do inferno me dei conta que tudo começou quando decidi seguir um conselho. Minha avó sempre me disse: “Se conselho fosse bom ninguém dava, vendia.”. Esta se provou a mais pura verdade.
Segui o tal conselho, que foi dar um tempo na escrita para clarear as ideias. Depois de uma semana e com minhas faculdades mentais mais confusas do que nunca, concluí o obvio: não preciso dar um tempo de escrever, preciso é escrever para dar um tempo. Escrever é bom, não escrever é que me deixa louca e acaba resultando até em doenças, como o tal resfriado que parece não ter fim. Não tenho síndrome de Bartleby, minha síndrome ainda não tem nome e até onde pesquisei não foi catalogada pela OMS.
Um hiato serve para quando não temos ideia, e eu, até começar com essa história, tinha muitas. Escrever não vem de um lampejo divino onde mil ideia caem em nossas cabeças, mas sim de trabalho. Quanto mais se escreve mais se têm a escrever. Comigo funciona dessa maneira, poucas vezes fui agraciada por tal lampejo divino. Escrever não funciona com hiatos, é preciso se manter ativo, não importa quantas débeis catarses  possam vir pelo caminho.
Querido amigo que me deu o conselho maldito: não  sei escrever com a mente clara, só escrevo com minhas ideias completamente desgovernadas, pois essa foi a maneira que encontrei de domá-las. Se alguém se encontra em um hiato recomendo altamente a combinação Mariachis e drinks sem álcool,  um pouco de revoltas sem sentido e infelicidades crônicas podem ajudar, mas a Margarita virgem foi a responsável por desencadear o processo de completa desordem mental e consequentemente uma crônica para organizar a cabeça sempre desorganizada.

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