Acho que este será o último cigarro do dia.
Eles acabaram e não consegui sair para comprar mais. Meu ninho é confortável e
dentro dele minha alma está igualmente envolvida por abraços ternos. O tempo
passa. Agora o relógio na minha parede mostra que não sou imune a ele. O tempo
está passando, e eu o observo. Apenas observo. Choro pelo passado e temo o
futuro, no presento só ansiedade. Jovens ansiosos e suas insatisfações
constantes. Tudo está bem, e como isso me assusta. Amo e sou amada. Escrevo
e escrevo mais um pouco, depois escrevo
mais. Tento mas ainda não sou nada. Por enquanto.
É o meu último cigarro, e o tempo,
imponente, o queima. O tempo o queima. Dizem que o seu quarto, sua organização,
mostra como está a alma. A minha é uma bagunça. Escrevo errado e rabisco,
corrijo, volto, desfaço, enlouqueço. Não sei se quero vender-me. Se quero
vender tudo que tenho. Esses são devaneios que poucos entendem, eu não entendo
bem. O cigarro está acabando, são meus últimos tragos e o tempo continua
correndo apressado.
Vou. Vou deitar-me neste devaneio e dormir
sobre estas dúvidas. Mas sei que quando acordar dúvidas lá. Até, quando menos
esperar, elas voltarem a me assombrar. É sempre assim. Posso estar lendo,
escrevendo, andando sozinha, feliz ou triste. Uma hora elas vêm, impiedosas. O tempo, como a dúvida, é barulhento e queimou
meu último cigarro.
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