domingo, 17 de março de 2013

Um ponto de vista


Tarde de calor em Botafogo. No Rio de Janeiro inteiro. Combinei de encontrar meu guia espiritual da escrita e das artes, ou como ele prefere ser chamado, Gorko (algum personagem do He-Man). Fomos à um café onde tive o prazer de adquirir dois livros seus. Depois para a minha casa, pois o abacate estava branco e nós sedentos por uma boa coca gelada. Conversamos muito e um assunto me marcou. Agora, uma semana depois, me pego pensando e refletindo sobre esse assunto.
Censura. Passei a semana pensando em censura e só hoje fui perceber. No meio da semana vi uma notícia sobre uma suposta ação que alguns duputados querem entrar contra o Google para censurar informações que eles consideram “ofensivas”. Achei um absurdo. Estamos caminhando para uma ditadura. Esse assunto não me saiu da cabeça. Censura. Censura. Auto censura.
Lendo Nelson Rodrigues de manhã ouvi um comentário: “Eu gosto dele, mas acho muito machista”. Sim, realmente é. Era sobre isso que meu querido Gorko estava falando quando mencionou censura. Não era essa que vemos na imprensa. É a auto censura, é o quanto deixo de escrever por medo. Sou julgadora, crítica, mimada e tenho a capacidade emocional de uma criança de sete anos. Mas esse é o dever do escritor, se expor. Nelson era machista, mas se expôs, colocou seu ponto de vista, não tentou agradar ninguém. O propósito de escrever não é agradar aos outros, é mostrar um outro ponto de vista. Eu venho tentado mostrar o meu.
Auto censura é uma safada. É muito difícil vencê-la. Eu gosto de falar palavrões, deteste escrever de forma rebuscada, e escrevo sobre o que vejo e penso. Não posso censurar isso! No final das contas é uma questão de ponto de vista. Deixa o Nelson Rodrigues ser machista, eu gosto dele assim mesmo.

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