Tarde de calor em Botafogo. No Rio
de Janeiro inteiro. Combinei de encontrar meu guia espiritual da escrita e das
artes, ou como ele prefere ser chamado, Gorko (algum personagem do He-Man).
Fomos à um café onde tive o prazer de adquirir dois livros seus. Depois para a
minha casa, pois o abacate estava branco e nós sedentos por uma boa coca
gelada. Conversamos muito e um assunto me marcou. Agora, uma semana depois, me
pego pensando e refletindo sobre esse assunto.
Censura. Passei a semana pensando
em censura e só hoje fui perceber. No meio da semana vi uma notícia sobre uma
suposta ação que alguns duputados querem entrar contra o Google para censurar
informações que eles consideram “ofensivas”. Achei um absurdo. Estamos
caminhando para uma ditadura. Esse assunto não me saiu da cabeça. Censura.
Censura. Auto censura.
Lendo Nelson Rodrigues de manhã
ouvi um comentário: “Eu gosto dele, mas acho muito machista”. Sim, realmente é.
Era sobre isso que meu querido Gorko estava falando quando mencionou censura. Não
era essa que vemos na imprensa. É a auto censura, é o quanto deixo de escrever
por medo. Sou julgadora, crítica, mimada e tenho a capacidade emocional de uma criança
de sete anos. Mas esse é o dever do escritor, se expor. Nelson era machista,
mas se expôs, colocou seu ponto de vista, não tentou agradar ninguém. O propósito
de escrever não é agradar aos outros, é mostrar um outro ponto de vista. Eu
venho tentado mostrar o meu.
Auto censura é uma safada. É muito
difícil vencê-la. Eu gosto de falar palavrões, deteste escrever de forma
rebuscada, e escrevo sobre o que vejo e penso. Não posso censurar isso! No
final das contas é uma questão de ponto de vista. Deixa o Nelson Rodrigues ser
machista, eu gosto dele assim mesmo.
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