Sr. Seguro acordou em uma terça de
manhã. Seguiu seu ritual matinal: escovou os dentes, leu duas páginas do jornal,
café preto e pão sem miolo com margarina light. Sr. Seguro gostava das coisas
sempre iguais, não gostava de aventuras, riscos ou de nada diferente. Gostava de
tudo sempre igual.
Saiu de seu apartamento pequeno e
escuro. Eram 6:30 da manhã. Ele não gostava de chegar atrasado, então saía
sempre meia hora antes para ir trabalhar. Chegava mais cedo no trabalho e se
sentava atrás do computador velho para realizar um trabalho burocrático em um escritório
pequeno e cheio de divisas. Os colegas conversavam enquanto ele, concentrado,
fazia aquele trabalho inacreditavelmente chato.
Sr. Seguro certamente só tinha
seguro no nome pois na verdade era um homem muito medroso. Ele não pensava
nisso, pois não gostava de entrar em questões profundas, mas todos sabiam. Ele sempre
fazia tudo igual pois tinha medo do novo, do diferente.
Certo dia, seguindo seu ritual da
manhã, Seguro começou a sentir severas dores no peito. O que poderia ser? De
repente, enquanto lia a segunda página do jornal, caiu morto. Logo ele que
fazia sempre tudo certo, tudo igual. Logo ele que não arriscava e que vinha
fazendo isso desde criança. Logo ele, o Sr. Seguro que gostava tanto de segurança.
No jornal do dia seguinte, aquele
que Seguro costumava ler sempre duas páginas, veio a manchete: “Sr. Seguro
morreu de tédio”. Digo mais: Seguro morreu foi de medo.
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