quarta-feira, 20 de março de 2013

Orientação psiquiátrica


Estou escrevendo essa crônica por causa de uma orientação terapêutica/psiquiátrica. Não sou louca, um pouco desequilibrada talvez. Estranhamente esse não foi dos meus piores dias, passou longe disso. Ainda assim cá estou, sob orientação médica.
Não sei bem como me fazer entender em situações como esta, pois acho que elas não devem ser muito comuns. Vou fazer o máximo que posso.
“Comecei o dia bem, café com leite, literalmente, mas no sentido figurado também.” Sr. Terapeuta me olhava impassível. Me senti obrigada a continuar falando. Eu estava desesperadamente tentando fugir de um assunto que estava me deixando muito desconfortável. A única saída foi contar como foi o meu dia. “À tarde fui levar a Baby no veterinário, aí um cara de estatura abaixo da média falou uma baixaria pra mim, quando ele passou eu levantei o dedo do meio pra ele, ele se virou. Fiz cara feia, sem saber o que fazer, e continuei do mesmo jeito” Sr. Terapeuta perguntou se eu me senti culpada. Não, de jeito nenhum.
Contei o meu dia, sem poupar detalhes, a vontade de fugir do assunto anterior era grande. Então toquei em um assunto que realmente me incomodava, o grande motiva da orientação do Sr. T em escrever essa crônica: o BLOQUEIO. “Estava em Laranjeiras com a minha querida Baby, visitando um amigo, e pensei em uma coisa. Quando ando pelo zona sul eu tenho a impressão de que conheço todo mundo.” Sr. T me olhou com cara de dúvida. “Acompanha o raciocínio: cada bairro tem uma certa característica, própria do lugar. Isso vai, também para o jeito de vestir, pentear o cabelo, blábá... parece que em certos bairros as pessoas tem a mesma cara! Então eu sempre acho que conheço todo mundo. Eu fico encarando algumas pessoas por minutos, até elas me olharem de volta, meio incomodadas. Dou um tchau desajeitado, e elas nunca me respondem. Sempre me sinto uma bobona.. você concorda?”. “Olha Mariana...” ele tentou delicadamente dizer que não entendeu absolutamente nada. Por mim estava tudo bem, eu precisava era falar. Nesse momento percebi que não era bloqueio. Eu tinha ideias, ainda estava pensando sobre coisas que, para mim de uma forma bastante incomum, faziam sentido. Meu problema era outro.
Depois de muita conversa e, pelo o que pude perceber, certa dose de paciência, chegamos à conclusão que ando ocupada. Mas não posso nunca estar ocupada demais para escrever. Isso faz parte de mim. Nunca estou ocupada demais para ir ao banheiro, beber agua ou fumar um cigarro. Daí surgiu a tarefa. Se é algo que amo não devo deixar de fazê-lo. O que tenho não é bloqueio e sim falta de tempo.
Sr. T diz:
- Mariana, bem vinda à vida adulta!

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