A favor de um jogo sujo

 Chuva, raios e trovões. "O que fazer quando o Rio de Janeiro está completamente impraticável?" Eu pensava, ilhada da casa do Senhor Namorado. O dia já não estava lá o dos melhores. Já tinha sido DR ( mais popularmente conhecido como discutir a relação), ônibus lotado em um calor de quarenta graus, um comentário que não me deixou saltitante, mas nada tão desesperador quanto o que está por vir.
 A decisão do que fazer veio como um estalo. Enquanto o Senhor Namorado adiantava algumas coisas de sua vida adulta, eu, boa jovem confusa e um pouco desocupada, decidi jogar buraco no Facebook. Sim, buraco. Jogo de cartas, mais praticado por senhores e senhoras de idade, que eu, particularmente, gosto muito. Ah, que coisa deliciosa, uma boa partida naquela chuva. Tudo que eu precisava. Só que ao contrário.
 Poucas coisas de fato me tiram do sério, entre elas estão parceiros de jogo que não baixam cartas. Queridos amigos de jogatina, acho que vocês vão entender muito bem a minha frustração, vejam bem: lá estou eu com um jogo promissor, muitos coringas, porém promissor. Jogo o que posso, quero ajudar meu parceiro. Assim sou uma pessoa bastante solidária. Mas a parceira em questão acha um desaforo baixar jogos sujos. Querida jogadora, eu quero te ajudar a me ajudar mas parece que isso não deu certo.
 Foi perguntar para a queridíssima parceira se ela tinha algum jogo na mão que ela, sem piedade fala: "não vou sujar tudo como você fez!". Bom, me desculpem os conservadores do Buraco, mas eu sou a favor de um jogo sujo! Cheio de coringas e Jokers. Eu, meus amigos, faço parte da frente inovadora do Buraco, sujando tudo daqui até a China. Que os Deuses do baralho estejam conosco, inovadores deste jogo nobre. Não sejamos oprimidos.
 Conservadores, este é um grito de liberdade! Deixem o Buraco ser um jogo sujo e divertido, a final de contas, ele é só um jogo.