Quarta-feira à noite. Estava
cansada, foi um dia longo. Há alguns dias, ou até meses, eu estava carregando
saudades. Não daquelas sufocantes, mas daquelas que chega devagar, com uma
lembrança, um riso no meio do nada, e, de repente você se vê tomado por
nostalgia. Eu estava assim na quarta-feira longa demais.
Facebook, santo de todos os
santos, grande localizador de grandes amigos, me informou que duas das pessoas
mais queridas que provavelmente vou conhecer (sem grandes puxa-saquismos) iriam
para uma boate tão querida quanto. Os três moram no meu coração. Decidi sair do
meu ostracismo, outro amor, e fui encontrá-los.
Obviamente, me apressei pois a
paciência não é uma das minhas virtudes. Os encontrei em um boteco. Detesto
botecos, mas vê-los foi tão bom que nem lembrei que estava naquele lugar
horroroso. Fiquei feliz com minha dose de fenilanina, cigarros e lembranças.
Dois anos se passaram e nada mudou. Absolutamente nada.
Chegando na amada boate que também
não via há tempos, cantei, conversei, vi um dos amigos vomitar, em resumo: uma
noite comum com eles. Ah, como eu senti falta disso! Preciso falar que arrasei
no Franz Ferdinand. Conheci muita gente interessante e tive a ilustre
oportunidade de sacanear um gringo. A vida voltou a ser maravilhosa.
Sr. Namorado não ficou tão
satisfeito com o fato de eu ter saído com dois homens, que para mim ainda são
meninos, para um boteco. Eu entendo e não entendo. Acho bobo essas regras
implícitas da sociedade de que quando namoramos só podemos sair com pessoas do
mesmo sexo. Mas não sei se me sentiria confortável com essa situação. A
sociedade é tosca mas eu também sou. Sou jovem.
No final da noite o saldo foi
positivo, e o guaraná caro demais.
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