Sexta feira santa, feriado, dia de mercado. Almoço em
família. Bacalhau. Guerra no supermercado. Quem me conhece sabe da minha paixão
por mercados, feiras e todo tipo de gastação de dinheiro relacionado à comida.
Eu amo ir ao mercado, é a alegria do meu dia. Mas em épocas festivas vira o meu
pior pesadelo, essa é a época das guerras de carrinho.
Festa é igual a comilança, isto é um fato. Mas no Natal, Ano
Novo e na Páscoa as coisas ficam sérias. É Bacalhau pela metade do preço,
Tender e Chester quase de graça, filas na seção da Canjica e da Lentilha, um
inferno. Com isso em mente fui me aventurar na terra das promoções festivas,
munida de paciência, tolerância, bom humor e com a companhia da minha amada
irmã.
Chegando no mercado P o primeiro problema: o cheiro de
esgoto no estacionamento. Não era um leve cheiro de excrementos e tristeza, era
o odor dos amaldiçoados. Mil pessoas comeram um acarajé e um podrão durante
três dias e decidiram ir ao mesmo banheiro. Era essa a situação. Lá se foi o
bom humor.
A segunda situação foi: só tinha carrinho mega gigante. Por
que isso é um problema? Pois são dez da manhã, todos estão no mercado fazendo
as compras de última hora e todos com carrinhos gigantes. Não tem onde parar
com o carrinho, não tem como passar com o carrinho, não tem como ser feliz com
esse carrinho. O resultado foi desastroso, como de costume. Enquanto minha
linda e paciente irmã pegava os itens da nossa extensa lista de compras eu
ficava dando voltas intermináveis com aquele automóvel não motorizado.
E então que me surge a situação mais surreal que já passei
em um mercado, e olhem que uma vez comprei Couve Chinesa achando que era
Acelga. Quando finalmente achei um cantinho singelo para estacionar aquele
trambolho me vêm um indivíduo esquisito, com uma camisa do Chapolin Colorado
vermelha, bermuda cargo e cara de bunda, me fazer o maior desaforo possível
dentro daquele ambiente. Ele empurrou meu carrinho com o carrinho dele! Assim,
na minha frente. Frente de carrinho com frente de carrinho, até liberar o
caminho. Meu instinto assassino veio à tona.
Passei os próximos trinta minutos tentando atropelá-lo,
todas as minhas tentativas foram frustradas devido ao intenso transito dentro
daquele ambiente cheio e incrívelmente irritante. Quando o achei no caixa, com
um carrinho visivelmente menor que o meu, o que significa que ele poderia ter
passado pelo corredor sem ter cometido aquele crime, me veio uma vontade
irresistível de vingança. Obviamente, educada e levemente covarde que sou, não
o concretizei, mas jurei que iria expô-la na internet. Então, indivíduo com a
camisa vermelha do Chapolin que estava no mercado P em botafogo, se você algum
dia ler isso, saiba:
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Ovo imaginário que te dou e Feliz Páscoa, babaca!