Andando pela Rua das Laranjeiras,
em uma quarta-feira comum e de um calor infernal, de repente me vi com uma
raiva que parecia me sufocar. Que coisa mais esquisita. Assim, do nada,
enquanto via as pessoas ali, esperando seus ônibus, a moça do carrinho da agua
de coco, duas meninas que falavam extremamente alto, me percebi com raiva e com
uma sede de matar. Um Guaravita, por favor. Que calor! Que estranho prestar
atenção em si mesmo e conseguir nomear um sentimento. Que incomum. Desconforto,
talvez? Pelo calor ou pela sensação de pura e simples inadequação, de “será que
eu pertenço a esse lugar mesmo?” será que eu pertenço a qualquer lugar que
seja? Às vezes era só raiva de sentir mesmo, de sempre sentir tanto e de
infelizmente, aprender a nomear alguns sentimentos.
Mas por que será que isso era tão
ruim se eu passei tanto tempo sem saber o que eu sentia e tentando
desesperadamente descobrir? De onde vem tanto medo? Logo eu que me achava tão
corajosa, que enfrentava tudo e todos agora estou aqui, com medo de mim mesma. E
o pior era aquele calor insuportável. O Rio de Janeiro está ficando cada vez
mais quente ou eu estou ficando cada vez mais estranha? Que coisa mais esquisita.
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