Domingo Olívia foi se encontrar com os pais
e amigos em um restaurante caro para depois ver o imóvel recém-adquirido do
casal. Uma bela casa na Barra da Tijuca em um condomínio de luxo. Como de
costume, chegou antes de todos. Observou as pessoas no longe do restaurante
enquanto fumava um cigarro, um dos pequenos prazeres da vida. Ela não tirava os
olhos de um senhor que, sentado do outro lado da gigantesca mesa de madeira no
espaço aberto, tomava um Uísque. Não um copo, mas sim uma garrafa inteira.
Talvez aquele beber quase desesperado do senhor fosse uma fuga, imaginou. Ele
deve ter uma esposa dessas que pede demais. Bolsas demais, sapatos demais,
dinheiro demais, tudo demais. Então foi ao restaurante no domingo ao meio dia,
mentindo para a Esposa que iria ao clube, no qual tinha parte da sociedade,
para ver o andamento dos negócios. Negócios geram dinheiro, a Esposa não tinha
do que reclamar.
A mãe chegou, bem vestida, com óculos escuros grandes demais,
com seus sapatos caros e bolsa importada. Última coleção, uma pequena fortuna.
Agarrou o rosto da filha, dois beijos estalados nas bochechas e um “Minha
querida!”. Seu pai chegou logo depois e deu em Olívia um abraço apertado, de quem
sente saudades, e perguntou como estava sua princesa. Os amigos ricaços
chegaram, todos comeram e conversaram. As mulheres competiam. Bolsas, filhos e
viagens. Os homens falavam sobre negócios e estratégias de mercado, já o pai de
Olívia só comia. Um sentado ao lado do outro, comendo muito e apreciando a
variedade de carnes que chegava à mesa antes que o último pedaço estivesse
terminado. Fim de almoço. O Pai chamou sua princesa em um canto e contou quase
como uma confissão “Não quero ir ver a
casa deles não, hoje tem jogo do Vascão. A gente deixa sua mãe lá e eu te dou
uma carona para casa. Que tal?”. Vinte minutos para achar o tal condomínio de
luxo, explicar à senhora Mãe que ela pegaria uma carona com o Pai para casa,
uma bronca e de volta para o conforto do lar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário