Parte 2
Olívia
vivia em seu mundo escrito, onde era tudo, era todas. Seus vários cadernos
empilhados na sala de estar contavam histórias de quando foi uma cantora
vivendo no luxo e na riqueza. Tinha tudo que o dinheiro podia comprar mas não
tinha dinheiro, ganhava tudo de seus “admiradores” sedentos por um lugar neste
tão cobiçado círculo dos artista. Alexandra, a artista, morreu afogada em
dívidas e álcool. Já Melinda vivia rodeada de casos sexo-afetivos e amorosos
complicados. Conheceu o homem que acreditou ser o amor que sempre procurou, os
dois com a crença de um amor livre, sem contrato de exclusividade e na verdade
sem cuidado e afeição. Aquele retrato de amor onde ele mesmo não existe, só seu
nome encobrindo individualidade, luxúria e carência. Quando Melinda se nota com
ciúmes some deixando apenas um bilhete sobre a cama, ao lado de seu amante
adormecido:
“ ‘Deixe-me ir, preciso andar. Vou por aí à procurar, rir pra
não chorar. Se alguém por mim perguntar, diga que eu só vou voltar quando me
encontrar.’
Talvez isto demore, talvez não volte.
Com amor, Melinda.”
Olívia também foi Margo. Senhora que perdeu
seu grande amor muito jovem e decidiu viver enclausurada até que sua neta em
uma visita confunde suas pílulas de Ecstasy com os remédios da vó. Margo toma a
droga, achando que eram seus remédios, entra em uma viagem e acaba morrendo em
um surto psicótico. Margo vive em um quarto com ervas daninhas onde o armário
que guardava suas roupas antigas rodopiava e dançava feliz. Quando tentou
seguir o armário saltitante pela janela do apartamento que ficava no sexto
andar, saltitou para debaixo da terra. Ah, Olívia gostava um pouco de
exagerar...