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domingo, 19 de maio de 2013

Feira das Vaidades



Leblon, bairro da zona sul carioca, parte nobre da cidade. Onde as pessoas são bonitas demais e tudo parece ser caro. Sonho de consumo de 9 entre 10 cariocas, brasileiros até. Lugar que me causa certo medo.
No final de semana combinei com uma querida amiga de ir ao shopping do bairro. O melhor shopping da cidade na minha opinião, o antro da perdição dos gastadores descontrolados como eu. Vou lançar meu primeiro livro e o figurino da noite não pode ser nada menos que incrível. Sou mulher, acho que a paixão por roupas está mais fundo no meu ser do que imagino.
Em uma das lojas caras demais, no provador pomposo demais, ouço de intrometida uma conversa entre duas amigas, como fui perceber mais tarde à muito contragosto, não muito diferentes de mim e minhas próprias amigas. As duas falavam o seguinte:
-       Amiga, achei uma saia com uma preço ótimo na loja X
-       Jura? Quanto estava?
-       Acho que estava 2 vezes um número de três dígitos ímpar
-       Nossa, realmente muito barato! Vamos lá depois
Minha reação imediata foi conferir a etiqueta da saia que a vendedora da loja pomposa tão gentilmente me entregou prometendo que iria “causar” no evento. Ela custava o mesmo valor que as duas amigas do provador ao lado afirmavam ser um preço ótimo. Era quase o valor de um salário mínimo. Admito que na hora não dei muita importância, afinal minha cabeça estava mesmo em achar a roupa perfeita para o dia do evento.
Três lojas depois achei o tal vestido, este, como eu disse para minha querida amiga, estava “com um preço maravilhoso”. Mentira, estava nada. Passei o pedacinho de plástico na maquina mágica e lá fui eu, me sentindo uma nova pessoa, com mais uma roupa para jogar no guarda roupa abarrotado.
Não estou aqui para criticar a indústria da moda, pois a admiro imensamente. O que me intriga é como gastar dinheiro com mais e mais roupas ou sapatos que não precisamos nos dá uma sensação de validez completamente falsa. Quanto mais cara a saia, o vestido, a jaqueta, ou qualquer outra roupa melhor eu sou do que o amiguinho, é isso? Quanto mais eu tenho mais eu valho? E desde quando o valor de um salario mínimo é um preço ótimo em uma minissaia?
Eu estou ficando louca ou realmente vivemos em uma feira das vaidades?

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Margarita Virgem



Depois de um longo hiato para clarear a mente e sem muitas ideia mais claras, cá estou novamente. Em uma noite de segunda feira bem típica, quando já achava que depois de uma longa semana tinha me tornado uma escritora do Não, com uma síndrome de Bartleby de matar, lembrei-me de um acontecimento do meu sempre animado final de semana. Lá se foi a síndrome de Bartleby.
Eis que estou em uma sexta à noite em um restaurante mexicano com Mariachis e tequileiros, no aniversário de uma querida amiga que já foi coagida a fugir para São Paulo comigo, história de outras crônicas. Eu me encontrava solitária em meu hiato, pedindo aos deuses do teclado que algo extraordinário acontecesse para que a tal pausa mental finalmente chegasse ao fim. Depois de encher a cara de comida apimentada demais para minha própria segurança e bem estar engatei uma conversa que tinha a ver com rótulos e liberdade para ser o que quisermos ser. Mais uma revolta pseudo libertina e idealista sobre como todos deveriam se comportar.
Quando a conversa chegou ao fim e todos que participavam desta partiam para novas revoltas, como o “quadradinho de oito” e como o funk não se encaixa na categoria de cultura popular (esta última discordei fortemente), decidi fazer uma extravagância e pedir uma Margarita virgem. Enquanto bebericava o drink sem álcool algo me veio à cabeça: por que comecei com esse hiato? A pergunta resistiu ao dia das mães e a um resfriado sem que eu conseguisse respondê-la. Abatida e de cama por causa do resfriado que parece ter saído das profundezas do inferno me dei conta que tudo começou quando decidi seguir um conselho. Minha avó sempre me disse: “Se conselho fosse bom ninguém dava, vendia.”. Esta se provou a mais pura verdade.
Segui o tal conselho, que foi dar um tempo na escrita para clarear as ideias. Depois de uma semana e com minhas faculdades mentais mais confusas do que nunca, concluí o obvio: não preciso dar um tempo de escrever, preciso é escrever para dar um tempo. Escrever é bom, não escrever é que me deixa louca e acaba resultando até em doenças, como o tal resfriado que parece não ter fim. Não tenho síndrome de Bartleby, minha síndrome ainda não tem nome e até onde pesquisei não foi catalogada pela OMS.
Um hiato serve para quando não temos ideia, e eu, até começar com essa história, tinha muitas. Escrever não vem de um lampejo divino onde mil ideia caem em nossas cabeças, mas sim de trabalho. Quanto mais se escreve mais se têm a escrever. Comigo funciona dessa maneira, poucas vezes fui agraciada por tal lampejo divino. Escrever não funciona com hiatos, é preciso se manter ativo, não importa quantas débeis catarses  possam vir pelo caminho.
Querido amigo que me deu o conselho maldito: não  sei escrever com a mente clara, só escrevo com minhas ideias completamente desgovernadas, pois essa foi a maneira que encontrei de domá-las. Se alguém se encontra em um hiato recomendo altamente a combinação Mariachis e drinks sem álcool,  um pouco de revoltas sem sentido e infelicidades crônicas podem ajudar, mas a Margarita virgem foi a responsável por desencadear o processo de completa desordem mental e consequentemente uma crônica para organizar a cabeça sempre desorganizada.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Débil catarse




Críticas: não sei recebê-las porém adoro fazê-las. Não sei se este é o mal de todo jovem ou de todas as pessoas, independente da idade. Venho me descobrindo um Pavão, basta um elogio que abro minhas belas penas coloridas. Porém se me criticarem fico com a aparência de um pombo mal amado, jogado na sarjeta, recém atropelado. Já me falaram que elogios e críticas são a mesma coisa, mas sinto informar-lhes: eles não são, em definitivo, a mesma coisa.
Lá estava uma pequena Mariana, animada, em um churrasco com minha nova família, atualizando freneticamente o e-mail pelo querido iPhone. Um e-mail me chama a atenção, eu o abro e lá está: uma crônica minha fora publicada em um jornal muito intelectualizado que gosto muito. Pulei de alegria, dancei funk e comi mais carne do que meu corpo permitia naquele momento. Tudo eram flores.
No dia seguinte acordei cedo, animada para ver como o desabafo que tinha escrito em um dia de fúria ficou no site. Abri a página lentamente, saboreando cada segundo daquela conquista. Como uma escritora jovem e ainda aprendendo, sempre que algo é publicado sinto que todo o trabalho duro está sendo recompensado. E lá estava ela: minha crônica no site do Algo a Dizer.
Curiosa como sou quis logo ver se alguém tinha feito um comentário, falando como escrevo bem para tão pouca idade ou qualquer outro comentário do tipo. Reli a crônica, que definitivamente era mais um desabafo, mas não me importei afinal ela tinha sido publicada. Eis que no final da página vejo um único comentário. Vibrei por dentro antes de ver seu conteúdo. “Gostaram do que escrevi!” pensei em minha infinita inocência e presunção. Respirei fundo e me coloquei a ler o comentário que continha apenas duas palavras.
“Débil catarse...”

Se eu tivesse um espelho naquele momento aposto que meu rosto pareceria estar derretendo de desgosto. Quer dizer então que escrevi um texto débil? De acordo com o leitor, sim.
Primeiro o xinguei mentalmente apenas para perceber que cada um tem direito à sua opinião, que talvez o texto não passasse mesmo de um desabafo desorganizado e que essa crítica poderia vir a me ajudar. Normalmente o que me causa desconforto é o que mais me ajuda, e eu sei como esse comentário me causou desconforto.
O que percebo é que escrevo para pessoas. Deixei de escrever só para mim quando fiz um blog e comecei a mandar meus textos para revistas, jornais e editoras. Opiniões chegarão e isso é bom, quer dizer que pelo menos alguém lê minhas débeis catarses. Ainda tenho muito que aprender e sei bem que o caminho para onde quero chegar como escritora é longo, talvez mais do que imagino, porém uma crítica que não me agrada e não me faz virar o Pavão que sou me ajuda muito mais que elogios.
A partir de agora fico mais atenta às debiloidices que decido escrever e principalmente publicar. Com exceção desta que aqui posto, é claro.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Fases




Quanto tempo dura uma fase? Um mês, um ano, três anos, dez anos? Ultimamente este tem sido um assunto frequente em minha sempre confusa cabeça. Fato é que ouço tanto falaram que “é só uma fase” que nem sei mais se uma fase é isso mesmo ou se é algo permanente.
Todos nós sabemos o quanto o mundo contemporâneo é louco e coisa e tal, nem preciso me dar ao trabalho de escrever sobre o fato de que tudo é muito banal nos dias de hoje. Depressão é só uma fase, uso de drogas é só uma fase, auto mutilação é só uma fase, distúrbios alimentares são só uma fase, tudo parece ser mais uma “fase”. Não sei se estou exagerando, pois tenho essa tendência, mas me impressiona como banalizam coisas sérias. Banalizam doenças com uma simples palavras e assim as jogam para escanteio, só para evitar vê-las.
Uma fase permanente é algo desesperador. A adolscencia é ruim, mas sabemos que em algum momento ela acaba, o mesmo acontece com a TPM, mal que atinge as filhas de Vênus. Mas e quando a fase que deveria ser algo passageiro, parece não ter fim?  Esse, posso dizer com certa propriedade, é um momento de desespero, onde qualquer machucado vira um mundo de dor e confusão e qualquer palavra de compreensão pode virar um ato de amor sem tamanho.
Quanto tempo dura uma fase? Essa pergunta ainda não sei responder, mas posso responder outra coisa: Uma fase permanente não é apenas uma fase.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Escritores sem vergonha pt. 2



Voltei para a posição de escritora cara de madeira. Me deem um Pinho Sol, receberei de braços abertos, digo isso de todo meu pequeno coração. Esta será outra crônica contando minhas aventuras pelo tão louco mundo literário.
Ando escrevendo um novo “projeto”, digamos assim, e devo dizer que estou completamente louca. Louca ao ponto de estar praticamente comendo cigarros e vivendo a base de café. A parte triste é que ainda acordo no meio da noite com um desejo louco de comer miojo e depois atacar um caixa de Bis, mas são os ossos do ofício. Passo basicamente de doze a quatorze horas por dia completamente envolvida por esse novo “projeto”, seja escrevendo, seja pensando no que escrever, seja tentando escrever e às vezes só olhando para o computador ou para meu recém adquirido caderninho preto tentando achar palavras chave para depois usá-las em algum devaneio que caiba na história de Olívia.
Dia desses fui à uma editora, falar sobre um outro “projeto” que está em andamento. Não vou falar muito para não dar zica, mas posso falar que o resto do meu dia, que agora parece curto demais, é completamente dedicado à algumas Demasias (sim, com maiúsculo).
Quanto à parte do sem vergonha, continuo a exercendo falando com todos que admiro , e que provavelmente são ocupados demais para ler este blog, pelo twitter porém eles estranhamente o fazem. Falo com outros blogs, pedindo parcerias e corro atrás. Não ando esperando nada cair do céu. Definitivamente continuo a ser uma escritora sem vergonha, coisa que adquiri com muito tempo e paciência, mas que agora come cigarros e vive a base de café.